Por volta do ano de
mil novecentos e setenta, fui trabalhar na Auto Viação Natividade, e ela sempre
comprou peças e acessórios para seus ônibus na VEMASA S.A, empresa especializada
em peças e acessórios para ônibus Mercedes Benz, uma das melhores revendedoras
de toda a região.
Havia um bom relacionamento entre a Viação Natividade e a
Vemasa S.A, e seus funcionários nos visitavam freqüentemente para efetuar
entregas de peças, serviços e outros. E ao findar um ano de atividades, ficou combinada
a realização de uma comemoração entre os funcionários das respectivas empresas em
Muriaé - MG, com a realização de uma partida de futebol entre as partes seguido
de um jantar oferecido pela empresa local.
Finamente chegou o dia, viajamos e chegando a Muriaé,
verificamos que faltaram alguns jogadores, e eu estava certo que entrar fazendo
parte do time!
Chegou a hora do jogo e o juiz que ia apitar o jogo também não
apareceu e o campo estava com bastante funcionários e familiares da Vemasa e alguns
torcedores vizinhos, mas, e o juiz, nada de aparecer!
Ficamos esperando um bom tempo o juiz aparecer, mas, como não
apareceu, em um acordo entre as partes, ficou combinado que o juiz poderia ser
da equipe visitante!
E não é que foi eu o escolhido pelos jogadores da empresa
Natividade para apitar o jogo.
Aceitei e reuni os dois times e combinamos que não teria auxiliares,
e, que não aceitaria e reclamações e nem faltas violentas, e todos concordaram!
Foi iniciada então a partida e o jogo transcorria normalmente
em um clima de tranqüilidade e eu estava me sentindo que apitava normal
agradando aos dois times, mas, em um determinado momento o time da casa fez uma
falta violenta e parei o jogo e chamei a atenção de jogador, que poderia ser expulso
se cometesse outra falta semelhante!
Em determinado momento ainda no primeiro tempo, o time da
casa chutou uma bola forte no cantinho do gol da Viação Natividade e o goleiro
espalmou a mesma para escanteio!
Ao bater o escanteio, o jogador da Vemasa levantou muito o pé
e marquei uma falta perigosa, e ai o tempo esquentou, os jogadores partiram
para cima do juiz, que nesse caso era eu, e sai batido para me proteger, e
depois tudo foi contornado, e comecei a apitar com certo medo, e novamente
outra falta perigosa, então expulsei o dito jogador, que não gostou e queria
agredir o juiz, e, então o jogo foi encerrado em zero a zero, e fomos tomar
banho e jantar todos juntos e misturados em um clima de paz, já que as duas
empresas eram realmente muito amigas e não havia razão para sentimentos
estranhos ao proposto que eram as comemorações de fim de ano entre as duas
empresas e seus funcionários.
Nunca mais me atrevi a ser juiz nem mesmo para julgar
pessoas ou apitar alguma coisa esportiva!
Não levei uma boa surra nem sei por que, mas, aprendi que nem sempre vale
apena a pessoa atender aos pedidos de amigos, nem sempre!
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