A estrada do saber
Viajando por
volta dos anos de mil novecentos e quarenta e nove, onde nós morávamos próximo
ao casarão existente ao lado da Igreja Matriz de São Sebastião de Varre-Sai!
Da janela lá de
casa, tínhamos uma visão panorâmica da Rua Felicíssimo de Faria Salgado, a rua
mais conhecida de Varre-Sai até nos tempos atuais, e de um lado dela estava
situada a Escola Estadual de Varre-Sai, (hoje em prédio próprio e em outra rua,
a Escola Estadual Dr. Miguel Couto Filho)!
Esta escola
funcionava na residência do Senhor Aracy Giovanini, e as aulas eram ministradas
em dois turnos, pois, eram usadas duas salas disponíveis para as aulas, então
duas séries pelo turno da manhã e duas séries pelo turno da tarde!
Neste tempo, neste
Estabelecimento de Ensino, a Diretora era a Professora Dona Helena de Magalhães
Giovanini.
Auxiliada pelas Professoras: Elcy Figueiras, Margarida Nilza Ramos, Nely Monteiro,... Nilda Ramos e outras que não me lembro no momento!
Era um ótimo
ensino, com professores de qualidades, que se faziam respeitar, além de serem
também rigorosos no cumprimento do seu dever!
Com muito amor e
com absoluta falta de material didático que em sua maioria era confeccionada em
madeira, pois, as réguas usadas nas aulas de desenho eram de madeira, o quadro
negro era de madeira, apagador e giz, os instrumentos básicos usados em sala de
aula!
Um tempo realmente de muitas
dificuldades para todos, mas, era a realidade do momento! Em cada sala de aula
existia uma cadeira, e em cima desta cadeira, uma pequena pedra, a qual poderia
ser pega pelo aluno que precisasse ir ao banheiro (que era para ambos os sexos),
tudo isso, visando a não atrapalhar o bom andamento das aulas!
Era um banheiro
dos mais simples para ambos os sexos (em 1949), era apenas um vaso!
As mãos eram
lavadas numa torneira externa (fora do banheiro) e também a água de beber era
sem ser filtrada, pois, era da torneira de onde se usava para lavar os latões
que transportavam o leite da roça para a rua, para o imediato entrega a
freguesia, já que não existia leite em sacolas!
À hora tão
esperada por todos, era chegada e era hora do recreio, e os alunos se dirigiam
para a parte externa da escola, no quintal, que se tornava uma quadra ou campo
de futebol, e a galera ali cortava ou destroncava os dedos, quebrava braço ou
mesmo feriam com os tombos violentos na prática daquele futebol de poucas técnicas
e de violências intermináveis (de acerto de contas), no entanto, nem todos
praticavam o futebol, outros meninos ficavam de olho morteiro nas sacolas ou
embornais dos colegas da zona rural, onde as famílias faziam verdadeiras
delícias para lanches dos filhos, mas, estes também gostavam de jogar bola, e
deixava os seus lanches para depois da “pelada”, só que quando eles iam
saborear as delícias trazidas de casa, “alguns” alunos lançavam mãos das
guloseimas e comiam, quando chegava à hora de comer, nada mais havia, a não ser
o embornal vazio, principalmente do nosso grande e saudoso amigo Miguel
Paulanti, pois, ele trazia da roça as delicias feitas por sua mãe, imagina as
delícias italianas?
Existiam alunos
com uma boa criação e outros um tanto mais vividos pela escola da vida, que às
vezes não ensinava como deveria ser o comportamento, e estes então aproveitavam
da fome existente e a fartura disponível de coisas deliciosas, comendo indevidamente
a merenda dos outros!
Naquela época água para beber era trazida da
cacimba ou poço, colocada em talhas de barro para ficar fresquinha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário