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terça-feira, 22 de agosto de 2017

ANTIGAMENTE BRINCAR ERA FÁCIL NÃO!





           No meu tempo de criança, isso por volta do ano de 1947, as opções de brinquedos ou brincadeiras em Varre-Sai, eram por demais fracas, pois        não existiam as preocupações como nos dias de hoje, com a falta de segurança e violência demasiadamente grande também!
           Se nos próprios estabelecimentos de ensino da época, o colégio oferecia apenas um banheiro para ambos os sexos, e a água que bebíamos era a mesma água que se lavava os latões que transportavam leite da zona rural para a cidade!
            Não existia copo ou xícara e muito menos água filtrada e nunca se imaginava em comida ou lanches ofertados pelo Governo Estadual ou Municipal para a gurizada!
            A nossa distração na hora do recreio era jogar futebol com a bola sendo uma meia velha cheia de retalhos para ser a bola, e o bicho pegava com grandes chances de fraturas nas bolas divididas e fora os cortes na sola dos pés, causadas pelas pedras existentes no quintal onde era a quadra e futebol da galera!

 

         Claro que tínhamos outras opções objetos de nossas criações como à brincadeira de carros feito de tábuas de caixote de tomates e carretéis, que dava para fazer bastante barulho, quando passávamos carvão nos carretéis e os carrinhos faziam realmente um tremendo barulho ou então nos divertíamos com a bola de gude e assim passava o tempo.

 


 
 


  e chegava então o grande momento quando nós nos deslocávamos para o pasto ao lado da Matriz de São Sebastião de Varre-Sai, e ali então que a brincadeira ficava animada e divertida, pois, vários de nós descíamos deslizando sobre uma casca de folha de coco, ou de uma pita (usada muito para coará roupa).Era tal de descer e subir pasto que quando chegávamos em casa, estávamos praticamente liquidados de cansaço!






            Existia entre uma galera uma disputa de quem passava deslizando pasto abaixo e passando por uma cerca de arame farpado!
Se desse bobeira, é claro que se machucaria, mas, raramente alguém se machucava, mas, acontecia! Eu mesmo tenho uma cicatriz no peito causado por uma distração ao descer chiando e passando por baixo do arame, não deu tempo de abaixar, e dei de cara com o arame farpado, causando ferimento no meu tórax, cuja cicatriz carrego até hoje, sem nenhuma saudade!
          Depois deste dia paramos de tal brincadeira e fomos proibidos de ali brincar pelo administrador do pasto o Senhor Erasmo.
           Além do risco das descidas, nós ainda tínhamos que lutar contra os carrapatos, que eram muitos e que todos ficavam super lotados destes insetos, e chegando o tempo de irmos embora, que cada um catava carrapato no outro, e assim, chegávamos em casa com uma quantidade pequena de carrapatos, felizmente!



 Mas, não tínhamos nenhuma outra brincadeira e não ser tomar banho de açudes do Senhor Godo.

Dançar só com ordem do dono do baile!




       Outro fato que marcou bastante a minha juventude foram os bailes realizados em Varre-Sai, os quais se tornaram momentos alegres e felizes, pois, era o que tínhamos a fazer, e a juventude ficava nas práticas do futebol, ping pong e as dancinhas no clube ou casas de família!
 
 
 
       Por vários anos, aconteciam dois tipos de bailes em Varre-Sai, o clube das moreninhas, conhecido como Cavadeiras e o clube das elites, conhecido como Clube dos 13!
       O meu Pai Odithes realizava o baile do clube das moreninhas, com o Darizinho o rei da sanfona, o Clube dos 13 trazia bons conjuntos musicais e as noitadas eram sem grandes problemas e muito festivas.
       Com o passar do tempo, o Clube dos 13 parou suas atividades e também o meu Pai Odithes paralisava também os seus bailes e com isso, dando novas oportunidades a outras pessoas a realizarem estes bailes.
       Então surgiu o Senhor Norival Antonio de Oliveira (o Valinho), que iniciou suas atividades nas promoções de bailes, mas, que tinha algo de especial, se tornando bem diferente dos demais bailes já realizados em Varre-Sai, porque o baile do Senhor Valim começa e ninguém poderia dançar sem as devidas ordens dele, ou seja, era ele o Valin, que convidava a dama e conduzida por ele que a entregava então ao rapaz para dançar com ela, e assim ele procedia todos os momentos que o tocador parava de tocar e que as damas assentassem!

 

 
       Os seus bailes eram assim que funcionava: ninguém tinha autoridade de tirar a escolhida dama para dançar, quem escolhia as damas para os dançarinos era o dono do baile o Valim!
 

        E todos encaravam com certa obediência porque senão era convidado a sair do salão e pronto e, não era permitidas brigas ou discussões e o clima era só alegria e boas músicas, e a casa era cheia, e a galera curtia a noitada até o dia clarear!
       Tempos áureos de Varre-Sai, não existia bebedeira e a alegria era mais contagiante do que nos dias atuais!

 

João Bonifácio e o Elefante.




         Quem de Natividade- RJ, que não tenha conhecido o João Bonifácio “João Galinha”?Quem não se lembra deste personagem dos mais amigos e divertidos de nossa terra e que tanto significou para a nossa história?
O nosso querido e popular João Bonifácio, conhecido como João Galinha, que durante sua vida entre nós, por vários vezes presenciamos o mesmo na função de abre alas nos diversos cortejos fúnebres de nossa Natividade, nas procissões realizadas, ele ia à frente como se fosse um verdadeiro policial administrando o tráfego de veículos no sentido de facilitar a passagem do povo!
  


                O nosso amigo sentia-se muito bem trajado, como se fosse um policial, com um quepe da banda de música, e no bolso uma flor ou mesmo uma etiqueta de identificação, sempre escrito algo sobre ele como exemplo: “Sou o João Galinha autoridade! Ou o Coronel Galinha” e assim tantas outras identificações sobre sua pessoa que era colocada no seu bolso!
              Todos os dias ele pedia café ou comida nas casas e ficava muito bravo quando alguém negava ou falava que ainda não tinha o rango pra ele no momento!


 
                 Um fato que me deixou muito triste, foi quando assisti algo que me causou verdadeiro horror, foi quando estavam armando um grande circo no terreno baldio ao lado do Posto do Ary, onde hoje o Colégio Padrão, e que no local encontravam algumas pedras para colocar de enfeites em paredes, de propriedade do Senhor Zeno Ricaldi (acho que era esse o nome mesmo). e o circo que era por sinal bem grande, tinha muitos animais como elefantes, cachorros, leões e macacos!

 
 

              À proporção que o circo estava sendo montado, os animais eram colocados a mostra do grande que curiosamente superlotavam toda a área do circo. Alguns animais mais escondidos dado a conhecer sua fúria, outros mais acostumados com muita gente, nem ligava, a até o mesmo um enorme elefante, que se encontrava bem a entrada do circo, mas, é claro, devidamente afastado do acesso ao público, mas mesmo assim algumas pessoas chegavam bem perto do mesmo para dar alimentos etc.!
 
                 E não poderia de ser diferente, o João Galinha, totalmente empolgado com o elefante e com parte das pessoas incentivando-o, ele até chegava bem perto do elefante para dar comida.E todos diziam para não chegar perto do elefante, porque a sua tromba poderia alcançar as pessoas e estas serem machucadas, inclusive pessoal do circo dava alerta de cuidado para todos!Embora o elefante fosse até certo ponto idoso, mas, era forte e violento e poderia machucar alguém!

 

                 Foi quando o João Galinha pegou um monte de capim e tendo colocado na tromba do elefante, este não só pegou o mato das mãos do João Galinha, mas, também pegou o João e o lançou a uns cinco metros de distância, bem em cima das pedras, causando ao nosso querido João Galinha alguns ferimentos nos membros e cabeça, sendo levado para o Posto de Urgência de Natividade, com muitas escoriações!
               Conclusão: o João sem muito juízo e o elefante sem muita consideração, o mais fraco foi mesmo amarrotado pela inocência e força do também sem juízo elefante, que apenas queria brincar mais um pouco com o João Galinha, que depois de algumas semanas, e ainda bem dolorido o João perguntava, e o elefante, ainda está vivo?
                Quase que aquele danado me matou! Finalizou nosso querido amigo!
Mais um fato que minha pessoa presenciou!






sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Vamos ao Jogo!




              Certa vez em Varre-Sai, sem muita coisa a fazer, a população, trabalhava, comia e dormia...Isso a vida toda, e o tempo iam passando e com o passar das horas, as pessoas ficavam sem opção a não ser jogar cartas e praticar o futebol do Varre-Sai Esporte Clube e hoje o Serrano Futebol Clube, também regrado ao abandono por nossas autoridades!
             Lembro-me perfeitamente dos jogos de cartas conhecidos como: buraco, miquelina, bisca e marimbo.




                



                 Nestes jogos algumas pessoas jogavam amistosamente por diversão, outras apostando dinheiro (um tostão ou centavos por ponto) ou valendo palitos de fósforos.
             O jogo conhecido por MIQUELINA, que era a carta da Dama de Espadas, que comandava todo o jogo!




             Era um jogo com quatro participantes que tinham que obedecer ao naipe da mesa, e se não tivesse este naipe, então jogaria fora outras cartas de naipes diferentes e assim sucessivamente, sendo que ao final do jogo, todos os jogadores somariam os pontos conseguidos e a quantidade obtida era deduzida da outra dupla, e assim ficaria sabendo qual a dupla vencedora, e na soma dos pontos deduziam uma da outra e o saldo, era o valor em palitos de fósforos que teriam que ser pago a dupla vencedora! Neste jogo, que jogávamos na Rua José Tupini, na casa de um dos participantes, era levada a sério pelos participantes, que às vezes alteravam a voz no calor da contenda e da discussão e até chegando ao ponto do jogo ser encerrado mesmo sem o término oficial das partidas, tudo pelo fato da disputa ferrenha, e valendo sempre palitos de fósforos.
 

 
 
              Entre os participantes deste jogo destaco os fiéis parceiros: Henrique Bandoli, Manoel Silva, João Targino, Joubert Alfaiate, Zito Righetti Sebastião Odithes, Adilson Lopes (meu irmão) Renilton Vieira, Firmino Vieira de Mattos, Agenor Gerdur, Nelson Purificati, e o meu Pai Odithes José da Silva.
Era um jogo muito bom e matava o tempo que passava lentamente e que nos proporcionava momentos agradáveis, e enquanto isso, as mulheres ficavam assentadas nas calçadas das batendo aquele papo, pois, não tinha televisão, e os rádios só em ondas curtas e médias, enfim, é vida que se vivia ou mesmo de empurrava com a barriga a não ser a parte religiosa que sempre foi um ponto alto da vida do Varressaense!

            Outro tipo de jogo que era uma verdadeira sensação em Varre-Sai era o jogo de BURACO ou CANASTRA, era muito divertido era verdadeiro clássico enquanto este jogo era praticado por duplas de grandes mestres do jogo de cartas; e com saudades destaco alguns deles: Augusto Faria (Zitinho), Sebastião Abib (Bastião do Bituta), Joubert Fabri- Luiz Ramos (Lula), João Damasceno e outros que me falha a memória!


 

 
          Olha, tinham até torcida, porque era verdadeiramente grandes jogadores e com uma capacidade enorme de memorização, tornando desta forma, o jogo mais emocionante para todos nós que participávamos na torcida sem gritos ou exageros, apenas no silencio e tomando partido!
             Os jogos eram realizados no reservado do Bar do Lula, onde funcionava também aos domingos a rinha de briga de galos!
Era divertido quando o Zitinho cantava algumas músicas que ninguém sabia a letra e nem a melodia e o João Damasceno ao descartar uma determinada carta ele dizia em voz sonora “ vai-te Meretriz”