A Rinha de Natividade!

       

       Um fato histórico e até cômico ocorrido por volta dos anos de 1980!

       Naquele tempo, as brigas de galos não eram proibidas por lei, e tinham rinhas por toda a região do Estado do Rio de Janeiro e galistas vinham de todas as partes dos Estados de Minas e Espírito Santo, era realmente um esporte bonito de se ver, porém um tanto constrangedor, pelo fato das gritarias dos galistas e suas apostas sem limites e também pela violência dos galos que brigavam até que um deles no seu fracasso corresse ou até mesmo caindo morto!

       Existia frase de incentivo aos galistas, lembro-me de uma delas, que era mais ou menos assim: “enquanto os galos brigam os homens se confraternizam”.

       As rinhas em número de três, eram forradas de tapetes vermelho, talvez até para tirar um pouco as marcas de sangue dos guerreiros que lutavam até a morte, com certeza sem mesmo saber, qual a razão daquele absurdo!

       Seria pelo o lucro do seu dono ou pela divertida e tão violenta entre os animais!

       Os galos eram pesados e eram levados em consideração diversos detalhes, como o tamanho, as esporas (tamanho) o peso e outros!

       Era usado antes e durante as brigas alguns dos objetos como: a balança, tesoura, lixas, esparadrapos, esporas de aço e bicos postiços, caso necessitassem!

       A Rinha de Natividade funcionava na parte baixa do prédio onde se localizava o Natividade Tênis Clube (parte alta) e o Cinema Ouro Verde (parte baixa) e o Bar do Senhor Ovídio Lannes!

       Mas a galera comprava mesmo os salgados e as bebidas no bar do Senhor Narinho, que servia muito bem a todos!

       Como era festa de setembro, e tinha então torneio interestadual de brigas de galo, e como prêmios as medalhas de ouro e muita alegria, eram então galistas de Natividade, Varre-Sai, Ourânia, Itaperuna, Porciúncula, Campos, Niterói e Rio de Janeiro, e outras cidades que não lembro mais, faziam aquela zoeira, e os melhores galos estavam prontos para o combate, e foi por volta das 13(treze) horas, estavam disputando ouro os galos de Porciúncula e Varre-Sai, isto no dia 07 de setembro, na Avenida Amaral Peixoto o desfile escolar estava encerrando e bateu sobre os presentes, aquela fome descontrolada!

       E foi neste exato momento, que o Chico Teixeira (foto) um galista muito animado e engraçado, resolveu dá o grito de independência e em alta voz gritou: estou com fome, e de imediato pediu alguma criança que fosse comprar um pão com queijo no Bar do Narinho, o menino foi correndo e voltou com o sanduiche, o qual o Chico conferiu e achou pequeno e com pouco queijo para o seu tamanho!

       E o garoto voltou então ao bar do Narinho!

       Enquanto isso, na rinha muita gente envolvida e o torneio acontecia com muita animação e com bons galos, e os galistas participavam ativamente!

       Vou citar alguns deles, claro, muitos já falecidos: Jayme Giovanini- Felisberto Cunha – José Barroso - Dr. José Werneck – Ronaldo Braz – Sebastião Gonçalves da Cunha -José Antonio Vieira- Joaquim Luiz Fabri- José Umberto Fabri- Pedro Fabri Martins- Lindenberg Fabri Martins- Oswaldo Jannotti -Edmundo Fabri Martins – Odithes José da Silva- Nelson Assis Vargas -Elso Fabri –Godofredo Fabri Filho e tantos outros famosos galistas que no momento não me Lembro!

       As brigas continuavam e os gritos de apostas ecoavam por todos os lados, e, no entanto, a fome continuava a rondar por todos os estômagos que davam sinal evidente de mastigar algo!

       E neste momento chega o garoto que tinha ido buscar o sanduíche para o Chico Teixeira,

mas, com uma pequena cesta, na qual continha, um queijo de mais ou menos umas oitocentos gramas, vários pães de sal, cortes de pernil e bastante mortadela, e um recado para o Chico: meu amigo e chará, este pequeno sanduíche não é para matar a sua fome, mas, sim, para suavizá-la, porque comer mesmo vai ser depois que terminar as brigas e você vir ate em casa, que estarei te esperando para então jantarmos e festejarmos as suas vitórias e o meu lucro, e quanto ao seu lanchinho, fica por conta da festa, ou seja, de graça porque você merece muito mais!

       Até logo e divirta-se, porque estou indo pra casa arrumar nossa comida pra logo mais!

       O Narinho era deste tipo, quando ele gostava, gostava de verdade!

      E é ai que continuo a dizer: ai que saudade que dá!

     Hoje nem mais se fala na briga de galos, pois, é terminante proibida e dá cadeia para os que teimam a realizá-la!