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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Ginasial em Natividade



Natividade Sebastião Odithes

Foi por volta dos anos de 1955, deixei minha terra natal, para vir para Natividade para estudar, naquela época o ensino em Natividade (Ginasial e Normal) eram os mais badalados e melhores da região, e a grande parte dos alunos eram de outras cidades: Porciúncula, Tombos - Carangola, Campos, Bom Jesus, Guaçuí e Alegre, sem falar alunos dos distritos como Varre-Sai, Ourânia, Bom Jesus do Querendo, Laje do Muriaé, Santa Clara, Purilândia, etc.
Em Dezembro de 1955 vim para fazer o exame de admissão ao ginásio, e fiquei estudando na casa do Senhor Helio Carvalho durante os meses de dezembro, janeiro e parte de fevereiro, este período era destinado à prática do Exame de Admissão e iniciei minhas atividades estudantis em 1956, ficando interno com as despesas pagas pelo Estado do Rio de Janeiro na forma de Bolsas de Estudos!
Durante estes anos de Ginásio Natividade, tive oportunidade de fazer muitos amigos e de conhecer excelentes Professores que dou destaque: Professor Arnaldo Braz (História), Professor Walter Vieira (Frances e Ciências), Professor Adalberto Lopes (Latim), Professor Maria Braz (Português), Prof4essor Marlene Braz (Matemática), Professora Arlete (Geografia), Professor Anete Lopes (Canto Orfeônico), Professora Evlim Nagem, (Desenho) e Prof. Guiguí        (Trabalhos Manuais) e outros professores foram surgindo, pois, as aposentadorias iam acontecendo e assim seguimos na luta do dia a dia nos estudos!
Quando do aproximar das festividades de Setembro, o entusiasmo de todos era evidente, e os preparativos dos estabelecimentos de ensino de Natividade eram dinâmicos e se preparavam para o desfile escolar, cívico e militar do Dia da Pátria, o sete de setembro!
Eram bandas marciais por todos os lados com o seu ruído tradicional das fanfarras e das marchas militares, o comércio ornamentava suas prateleiras com as cores predominantes de azul, verde e amarelo e toda a comunidade se envolvia, para proporcionar a todos e aos visitantes, o tradicional momento de verdadeiro amor a nossa gente na homenagem da Hora de Arte, no dia sete de Setembro, homenagem cívica a nossa querida Pátria e no dia oito de setembro as homenagens a Padroeira Nossa Senhora da Natividade!
Ninguém abria mão destes dias e das homenagens, as quais eram tradicionalmente celebradas a cada ano, pois, é motivo de orgulho e muita alegria de todos de participar deste evento tradicional!
E quero neste espaço fazer alguns destaques a cada um destes dias festivos de nossa querida Natividade:
No dia seis de setembro (dedicado aos Natividadenses) no Cinema Ouro Verde acontecia da Hora de Arte, com homenagens aos que se destacaram, na luta a favor de nossa terra, este sim era devidamente homenageado com saudação do mais alto destaque das autoridades e em seguida uma agradável parte teatral ou mesmo uma clássica apresentação da Elite Orquestra!
Era e é nos dias de hoje um ponto alto do tríduo setembrino!
No dia sete de setembro (Dia da Independência do Brasil) a classe estudantil e autoridades constituídas realizam hasteamento das Bandeiras do Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Município de Natividade!
Após o desfile na Avenida Amaral Peixoto, acontecia no Campo de Vila Almeida o momento de ginástica por alunos das diversas escolas, onde aconteciam bailados e diversos alunos instrumentistas executavam os seus instrumentos musicais e me lembro bem da: Neuza Ramos, Maria Cecília de Carvalho, Marisa Baião e outros que davam um brilho todo especial a este momento clássico dos festejos, que era a ginástica!
E no dia oito de setembro dia da Excelsa Padroeira Nossa Senhora da Natividade, acontecia à tradicional procissão pelas ruas de nossa cidade, santa missa e outras atividades ligadas ao dia, além da parte de gincanas realizadas na Avenida Amaral Peixoto!
Acontecia a Alvorada com Bandas de Musicas da região nos dias festivos, e no CLEN aconteciam bailes de gala com grandes Conjuntos ou Orquestras e no Estádio Vila Almeida, o Natividade Atlético Clube jogava suas partidas com casa cheia e todos vibravam com as jogadas clássicas de nossos atletas, hoje: “Os Leões da Vila! Disputa com dignidade a Copa Gazetinha no Estado do Espírito Santo!

OS internos do Ginasial no N.T.C.!



 Sebastião Odithes
Mais uma vez aqui estou para relatar mais um capítulo da minha vida, agora como estudante interno do Ginásio Natividade, foi  por volta do ano de mil novecentos e cinqüenta e oito, época em que estive no internato do colégio realizando o curso ginasial, e, como a maioria dos estudantes que ali se encontravam, gostavam de dançar, e num desses  dias foi que rolou o que relato nesta página como prova testemunhal do comportamento de adolescentes agrupados e unidos por um mesmo ideal: estudar!
O fato aconteceu em uma das tradicionais festas de setembro, o clube de Natividade era o N.T. C. - Natividade Tênis Clube (não existia o Clen), e fazia realizar mais uma edição dos tradicionais bailes do tríduo festivo, e, sempre abrilhantado por grandes conjuntos ou orquestras, e este baile, era abrilhantado pela Orquestra Pato Preto, onde seus músicos saiam tocando do palco do clube e se misturam com os demais dançarinos sem perderem o ritmo e também a harmonia musical, um perfeito entrosamento entre músicos e dançarinos, e aquilo era motivo de mais animação a todos, em seguida parte dos músicos retornavam para o palco e ficava ainda no meio dos dançarinos apenas o Maestro Pato Preto, que executando musicas latinas deixavam a todos boquiabertos e era motivo de muitos aplausos!
Uma noite inesquecível com casa cheia e todos se divertindo bastante, claro, com muito calor, pois, o clube era com poucas entradas de ar e funcionava no espaço acima de Dargan Ferragens e na parte baixa era o Cinema Ouro Verde!
Foi uma época de sucessos musicais famosos como-Estúpido Cupido- com Cely Campelo, Vai, mais vai mesmo com Nona Ney, Deusa do Asfalto com Nelson Gonçalves, Não digo o Nome com Anísio Silva e tantas outras musicas nacionais e internacionais famosas, músicas realmente inspiradas por grandes músicos, compositores e cantores de absoluta qualidade, enfim, tudo perfeito para tudo ser sucesso!
Claro que todos os participantes (dançarinos) se vestiam com passeio completo, e as damas com penteados inovadores e vestidos extremamente belos, enfim, lindas de verdade e nós homens, claro, por obrigação e nem sempre gostando muito, mas, também fazíamos de tudo para não decepcionar, já que normalmente nós homens precisamos de muito pouco para ficar mais belos, mas, fazíamos a nossa parte, nas mãos um creme para deixar as mãos aveludas e por ai afora!
Agora é o ponto que quero chegar sobre a minha pessoa, graças a Deus, meus pais sempre tiveram boa vontade, mas dinheiro era manga, isto é, muito difícil de ter, pois, era um ano tal qual aos demais, muito tudo difícil!
Com a chegada da festa de setembro, dei um pulo a expliquei ao Papai Odithes sobre o baile, e que eu precisava que me emprestasse um terno, era uma época que se usava muito o tal de terno!
Bem, levei aquele papo com o velho e í arranquei dele o empréstimo do terno de linho branco dele, para que eu pudesse ir ao baile, porque não entrava no baile sem se apresentar trajado de terno completo!
No dia do baile com esta orquestra famosa, a expectativa era grande e a animação dos internos não poderia deixar de também ser grande, enquanto uns se vestiam, outros calçavam meias e sapatos, enfim, aquela zorra de corre prá lá, corre prá cá, me empresta isso, quem quer isso, e o tempo ia passando, e fui vestir a calça do terno, e a calça era comprida demais pra mim, e fiquei triste demais e então resolvi botar a boca no trombone pedindo a quem tivesse alfinete de cabeça pra me emprestar, para eu tentar fazer a bainha da calça, do contrário, eu não poderia ir ao baile, e assim fiz, virei à calça pelo avesso e enfiei alfinetes de cabeça em todas as bainhas da calça e até que ficou legal, mas, ao vestir a calça, um dos alfinetes enfiou no meu dedo ferindo e sangrando, mas, o momento era a de ação e não lamentação, porque, além disso, posso afirmar que homem é homem e gato é gato, consegui vestir-me e modesta parte fiquei até bem bonitinho, claro dentro da minha acentuada modéstia!
Os demais gritavam, outros respondiam, porque a cor escura da calça tinha de ser combinado com meias da mesma cor, e os sapatos combinados com a cor dos cintos, enfim uma agradável confusão que ao findar das confusões, tudo estava dentro dos conformes e em manada, todos com algumas vodkas ou rabo de galo na cuca, lá chegamos, dançamos alegres e felizes e ao voltamos para o colégio, voltamos também radiantes e cansados, e quebrados, é claro que chegamos e apagamos!